INTRODUÇÃO: A violência contra a mulher é um fenômeno social crescente no Brasil, apresentando estatísticas alarmantes. Conforme o último balanço do Atlas Brasileiro de Violência, de 2019, o número de mulheres assassinadas em 2017 é o maior em 10 anos. Este trabalho busca refletir sobre a participação da Psicologia na busca de entendimento e formas de enfrentamentos, diante da série de quadros de violências que atingem as mulheres. OBJETIVO: Analisar, criticamente, as formas como a Psicologia tem abordado as violências contra as mulheres, em particular sob a perspectiva de gênero. METODOLOGIA: Foram analisadas diversas abordagens, a partir de registros produzidos por entidades reguladoras e associativas da profissão, bem como artigos científicos em Psicologia, publicados em periódicos nacionais, entre os anos de 2013 e 2017. O referencial teórico é a Psicologia Social Crítica. A abordagem metodológica, dadas as especificidades deste estudo, é a Revisão Integrativa. RESULTADOS: Autoras que trabalham na perspectiva da Psicologia Social Crítica têm contribuído de maneira substancial para a superação de uma Psicologia pautada em naturalização de papéis sociais, que dificulta a problematização da categoria gênero como socialmente construída. Dos trinta e dois artigos científicos analisados, vinte e três apontam gênero como categoria relevante, sendo que 11 destes dão ênfase a esta categoria como construto social e histórico que está a serviço das dicotomias homem-mulher, favoráveis à perpetuação das violências. CONCLUSÃO: Embora se reconheça a necessidade de aprofundar mais estudos, é notável o esforço da área para aproximação com a temática.
Resumo Este artigo objetiva analisar como as psicólogas atuantes na atenção básica percebem a influência dos efeitos psicossociais do racismo e do sexismo em suas práticas e no processo de saúde e cuidado prestado às mulheres negras. Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter descritivo e exploratório, seguindo a perspectiva da psicologia social crítica. Foi realizado um levantamento teórico-metodológico sobre os temas relevantes, assim como a produção do instrumento de coleta de dados e entrevistas semiestruturadas. Participaram do estudo oito psicólogas que atendem o público feminino e trabalham na rede de atenção básica da cidade de Salvador (BA). Os dados foram analisados pelo método hermenêutico-dialético. Nota-se que a maioria das percepções foi associada à questão biologizante da raça/cor e à noção de cuidado voltado à visão universalista do sujeito, o que implicou a ausência de ações direcionadas à promoção da saúde de mulheres negras. Contudo, observou-se a percepção interseccional e o letramento racial nos relatos de três das participantes, o que possibilitou o desenvolvimento de tentativas de práticas antirracistas e antissexistas. Conclui-se que ainda se faz necessário explorar ações da psicologia que visem à promoção da saúde de mulheres negras e que possam associar a teoria com a prática.
INTRODUÇÃO: O cuidado à saúde da criança passou por diferentes contextos sociopolíticos. Ainda que a implantação da Atenção Primária à Saúde (APS) tenha levado à ampliação da cobertura em saúde, muitos desafios são impostos para esse cuidado. OBJETIVO: Compreender o papel das psicólogas(os) na Atenção Primária à Saúde referente aos cuidados à criança em UBS/USF/NASF-AB na cidade de Salvador-BA. MÉTODOS: Este é um estudo qualitativo com 7 psicólogas (os) da APS. Inicialmente foi aplicado um questionário online para levantamento do perfil das(os) participantes e posteriormente realizada entrevistas semiestruturadas. Após a análise de conteúdo, os dados foram categorizados em: Perfil das crianças atendidas e cuidadoras; perspectiva da psicologia e principais queixas; ações de cuidado à criança na unidade; o cuidado da criança em rede. RESULTADOS: A maioria das(os) psicólogas(os) é do sexo feminino, mãe, negra, possui experiência anterior no SUS. Já a maioria das crianças é negra e socioeconomicamente vulnerável. Os desafios impostos foram a invisibilidade da criança, a sobrecarga feminina como a principal cuidadora e a pandemia. As potencialidades se traduzem com a atuação na comunidade, o trabalho em rede e a relação com a equipe multidisciplinar. CONCLUSÃO: Os desafios na APS perpassam pelas relações entre os sujeitos e o contexto político. A pesquisa mostrou a importância de se pensar na práxis profissional da Psicologia relacionada ao cuidado à infância.
INTRODUÇÃO: As maternidades solo, como realidade significativa no Brasil, representam uma experiência determinada por estruturas de poder, que incidem na vida das mulheres, sobretudo negras, levando-as a trajetórias permeadas de sofrimento psíquico. Este estudo se fundamenta na importância de conhecer a atuação e os desafios de Psicólogas(os) que acolhem estas mulheres no contexto da Atenção Básica. OBJETIVO: Compreender a percepção de psicólogas(os) acerca de suas práticas, junto a mulheres mães solo na Atenção Básica, com atenção às questões de gênero, raça e interseccionalidades. MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza descritivo/exploratória. A pesquisa de campo foi desenvolvida na cidade de Salvador-BA, no período de 2020-2021. A coleta de dados ocorreu em duas etapas: questionário online e entrevistas semiestruturadas. As análises foram realizadas a partir do aporte teórico da psicologia social crítica, com abordagem compreensiva das falas circunstanciadas dos sujeitos. RESULTADOS: Observou-se um contexto de ausências de cuidado às mulheres mães solo. Embora a maternidade solo seja uma experiência frequente na vida das mulheres negras e pobres, não há planejamentos específicos para a atenção e cuidado a estas usuárias, tampouco estratégias são citadas no desenho das políticas públicas para o acolhimento e cuidado de mães solo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As lacunas no entendimento e nas ações direcionadas às mulheres mães solo configuram-se como uma das ausências de cuidado e atenção a estas mulheres. Faz-se necessário reafirmar o compromisso ético-político da Psicologia com as reais necessidades da população brasileira, para a garantia da vida e saúde de todos os sujeitos.
| The disabling of popular healing practices due to disqualification and hostility mechanisns is historically recognized as a phenomenon associated with the strength of the establishment of scientific medicine as the unique reliable discourse / practice for health care. This debate has been revisited due to the presence of current integrative therapies that reinserted many of these practices once denied in experiences of care and healing, such as adherence and acceptance, growing significantly nowadays. This paper argues that these movements and practices are currently widespread and cannot be understood as external phenomena or isolated assemblages, but as progressively recognized healing practices due to their potentialities. To that end, they are analyzed as "Alternative", "Holistic", "Complementary" and "Integrative", stressing as tensions, oppositions and integrations in this field of coexistence between medical and non-medical practices. As analyzes carried out in this work, the historical-analytical character was carried out from theoretical investigations and literature reviews with secondary sources and reference guides. RESUMO | A desabilitação de práticas popularesde cura, a partir de mecanismos de desqualificação e de hostilidade ao não-científico é reconhecida historicamente como fenômeno associado à força do estabelecimento da medicina científica como grande e único discurso/prática possível para o cuidado em Saúde. Este debate é reaquecido na presença das terapias integrativas atuais, que reinserem muitas destas práticas outrora negadas em experiências de cuidado e de cura, cuja adesão e aceitação vêm crescendo significativamente na atualidade. Pretende-se neste artigo compreender a partir de quais movimentos tais práticas se firmaram na atualidade, não necessariamente como fenômenos externos ou agenciamentos isolados ("invisíveis"), mas, progressivamente reconhecidos em suas potencialidades. Para tal, são analisadas as expressões "Alternativo", "Holístico", "Complementar" e "Integrativo", destacando as tensões, oposições e integrações neste campo de co-existências entre práticas médicas e não-médicas. As análises empreendidas neste trabalho têm caráter histórico-analítico e foram realizadas a partir de investigações teóricas e revisões de literatura com fontes secundárias e guias de referência.Palavras-chave: Terapias Complementares, Integralidade em Saúde, Humanização da Assistência.
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