Walter Benjamin (1892-1940) inspirou-se na obra de Charles Baudelaire (1821-1867), e de Marcel Proust (1871-1922) para falar de um estado de ser e estar no mundo ao refletir sobre seus deslocamentos nas cidades de Berlim ou Paris, a partir de um "trabalho" da memória afetiva e do pensar a «si-mesmo» na paisagem urbana. O personagem baudelairiano, o flâneur, caminha na cidade: um percurso sem compromissos, sem destino fixo. O estado de alma deste personagem-tipo é de indiferença, mas seus passos traçam uma trajetória, um itinerário que concebe a cidade, o movimento urbano, a massa efêmera, o processo de civilização. Logo, esta não é uma caminhada inocente. A cidade é estrutura e relações sociais, economia e mercado; é política, estética e poesia. A cidade é igualmente tensão, anonimato, indiferença, desprezo, agonia, crise e violência. Assim, a cidade do andarilho tem uma história, nem a melhor nem a pior do mundo, simplesmente histórias que configuram referências práticas e simbólicas em que se reconhece ou se constrange nas ruas que perambula, lugares que conhece ou desconhece, espaços que gosta ou desgosta, contextos que lhe atraem ou passam desapercebidos. Objetos, eventos não verbais ou verbais, ruídos ou matérias atiram-lhe a atenção sensorial que delineia seu trajeto, seus atos. A cidade acolhe seus passos, e ela passa a existir na existência deste que vive, na instância de seu itinerário, um traçado que encobre um sentido, algo que será desvendado ao seu final. Espaços, cheiros, barulhos, pessoas, objetos e naturezas que o caminhante experiência em sua itinerância, não sem figuras pré-concebidas. Sua caminhada é de natureza egocêntrica, funcional, mas também poética, fabulatória e afetiva, e por que não dizer, uma caminhada cosmológica como os jogos de memória que os tempos reencontrados proustinianos encenam. Walter Benjamin, em seu texto Sur quelques thèmes baudelairiens (Paris, 1939), lembra que a multidão metropolitana na formação do mundo industrial despertava medo, repugnância e horror naqueles que a viam pela primeira vez. Da mesma forma, o impacto das transformações urbanas, tão bem tratadas no conjunto de autores que de modo geral são reunidos na denominação Escola de Chicago, irá inspirar uma geração de antropólogos que privilegia, desde então (anos 1930), o tema do viver na cidade como cenário primordial de análise das mudanças e transformações. Sob a ótica destes autores, a vida citadina é, portanto, agitada, vertiginosa mesmo, ou monótona e repetitiva, dependendo da adesão ou não dos seus habitantes aos tempos e espaços vividos, ritmados pelos movimentos incessantes das imagens de cidade que habitam seus pensamentos em constante mutação. Descrever a cidade, sob um tal ponto de vista, é conhecê-la como locus de interações sociais e trajetórias singulares de grupos e/ou indivíduos cujas rotinas estão referidas a uma tradição cultural que as transcende. Conhecer uma cidade é, assim, não só apropriar-se de parte de um conhecimento do mundo, ou seja, os saberes e fazeres dos habitantes e o que conheço desta experiência de pesquisa junto a eles, quanto desvendar o conhecimento na busca de situar meu próprio ser em relação ao ser do Outro na cidade. Inspiradas nas obras científicas e literárias sobre o "passear e caminhar", a idéia de desenvolver etnografias na rua nasceu com a proposta de projeto de pesquisa intitulado «Estudo antropológico de itinerários urbanos, memória coletiva e formas de sociabilidade no mundo urbano contemporâneo». Como pesquisadoras e, desenvolvendo a atividade de formar bolsistas de iniciação científica ao método antropológico, propomos ao aluno tecer os seus próprios percursos etnográficos na cidade de Porto Alegre, contexto de uma investigação antropológica sobre a dinâmica das interações cotidianas e representações sociais “na” e “da” cidade. No decorrer desta experiência etnográfica na rua, no bairro, na cidade, a introdução de instrumentos audiovisuais como a câmera fotográfica e/ou a câmera de vídeo, passam a fazer parte do seu olhar e atitude de coleta de dados de pesquisa: o exercício de etnografia de rua, inclui então, "a câmera na mão".
Este artigo trata do cotidiano de velhos habitantes de Porto Alegre, a partir da suas reconstruções narrativas das experiências temporais que delineiam trajetórias de vida. Refere-se a uma população de segmentos médios que de alguma forma experienciou as transformações urbanas da localidade e compartilhou de interpretações sócio-históricas e políticas a partir de inúmeras modalidades de simbolização: meios de comunicação de massa, formas de sociabilidade formais e informais, etc. Tomamos as narrativas como sendo a maneira singular de problematizar o caráter temporal de suas experiências de vida, exteriorizando valores interiorizados cotidianamente pelo sujeitonarrador, evidenciando a complexidade das tramas cotidianas de inserção nos contextos sociais, da negociação dos papéis e performances demandados e do desempenho no ato comunicativo/vivido. Trata-se de “redescobrir a autenticidade do sentido graças a um esforço de desmistificação”, nos termos de Paul Ricoeur, tentando compreender o que descreve, para descobrir seu sentido, um método, portanto hermenêutico ou interpretativo” (Japiassu In Ricoeur, 1988: 3-4). A narrativa da experiência que analisamos, neste artigo, dizem respeito a configuração de uma cultura do medo na cidade a partir do trabalho da memória, evocando no presente suas experiências que processam as feições dos medos assimiláveis aos “dramas culturais” (Turner, 1974), na tentativa de exprimir, o sentido “dizível” da existência e da vida, tecendo na memória narrativa um sentido cultural que ultrapasse o caráter episódico de experiências vividas. Em seus relatos, contrastam um cenário de violência no tempo atual com lembranças do passado, abordando de múltiplas formas o tema do medo, mapeando nos jogos descontínuos/contínuos de suas representações, imagens da cidade-contexto em que constroem sua “identidade como geração” (Lins de Barros, 1995:92). No processo de atualizar suas interpretações sobre a cidade que contextualiza suas experiências de vida, as feições dos medos tomam múltiplascolorações. Nesse repertório simbólico de viver numa cidade violenta, não raro reafirmam as representações envoltas por um discurso de "poder" sobre o agravamento das situações de violência e uma dinâmica criminal, sobretudo divulgado pela mídia.
O processo de desencaixe “espaço-tempo” que as novas tecnologias da informática têm proposto para os lugares da memória no corpo da sociedade contemporânea, ao configurar as relações homem e cosmos em redes mundiais de comunicação, tem provocado nas ciências humanas a necessidade de se aprofundarem novas formas de entendimento das estruturas espaço-temporais que configuram a magia dos mundos virtuais.Para se enfrentar esse e outros desafios, cada vez mais o que se coloca é a relevância não apenas de se refletir sobre as diferentes modalidades de tecnologia s de pensamento (oralidade, escrita, redes digitais ) empregadas pelas sociedades humanas para liberar a memória de seu suporte material até atingir sua expressão recente em redes eletrônicas e digitais, mas, principalmente, de se indagar a respeito das operações e proposições através das quais as ciências humanas têm enfrentado, até o momento, o conhecimento da matéria do tempo e suas cadeias operatórias.Assim, antes de se insistir na polêmica sempre enriquecedora acerca da existência propriamente dita do fenômeno da memória, este artigo tem por intenção um convite especial ao seu leitor. Ou seja, um mergulho nos meandros das imagens do tempo que configuram o conteúdo dinâmico da imaginação criadora de diferentes autores que foram desafiados a compreender o fenômeno da memória no sentido de resgatar-se aí uma “epistemologia do conhecimento” de sua existência.Em especial isso exigirá do leitor o seu afastamento gradativo de uma posição epistemológica que aposta no caráter de ilusão, em geral psicológica, atribuído às operações do pensamento humano que sustentam os jogos da memória, no sentido de reduzir a imagem aos fenômenos da consciência, minimizando o lugar da imaginação criadora como elemento formal do pensamento humano ou tornando-a apenas um resíduo psicológico e “material” da consciência.Nessa linha de investigação, o leitor é desafiado a compartilhar, com as autoras, de um conhecimento ainda em processo de gestação, adotando a fragilidade de um pensamento que se empenha na compreensão dos fenômenos da memória na perspectiva da flexibilidade da inteligência humana em arranjar sentido ao mundo quando confrontada com o caráter perecível de suas ações. A proposta parece ser, até certo ponto, simples. Trata-se de um convite ao leitor para que ele abandone as antíteses clássicas – organização viva e matéria, instinto e inteligência, tempo e espaço, vida interior, ação e linguagem – tais como as que aparecem nas obras de Bergson, Husserl e Sartre, para submergi-las num outro espaço de problemas, a saber: a convergência de tais instâncias entre si, por encaixes ou equivalência simples ou complexas, na unidade entre pensamento simbólico (da ordem das imagens) e pensamento conceitual. Isto é, instâncias que apresentam “interseções segundo combinações” diversas que se solidarizam, gerando a unidade do pensamento e de suas expressões simbólicas, topos a partir do qual pode se pensar a estruturação simbólica da memória.Em particular, cabe uma primeira decifração de ordem particular: a relevância de se indagar sobre a magnitude dos golpes administrados pelo bergsonismo à idéia de um continuum da consciência quando o pensamento filosófico do Ocidente moderno permanecia conferindo à imagem e à imaginação funções meramente reguladoras da existência. Por outro, trata-se aqui, sem dúvida, de uma crítica à doutrina bergsonista que atribui à imagem um papel secundário, espécie de “totalidade mnésica da consciência”, pela forma como ela aparece no interior do par antitético, vida e matéria. Acima de tudo, cabe salientar, que mesmo refém das armadilhas da psicologia clássica a obra de Henry Bergson, Matéria e Memória (concebida em 1896), permanece, ainda nos dias de hoje, a fonte de inspiração para muitos estudos antropológicos sobre memória.Assim, pretende-se instaurar, neste artigo, outras vias para o estudo da memória, na linha de uma fenomenologia da imaginação que não a introspecção bergsonista ou o monismo do cogito sartriano, onde a imagem aparece sempre cumprindo um papel suspeito de regressão, “estreitamente empirista, tanto mais quanto se pretende que ela esteja separada de um pensamento puramente lógico”.
É freqüente se afirmar que o método etnográfico é aquele que diferencia as formas de construção de conhecimento em Antropologia em relação a outros campos de conhecimento das ciências humanas. De fato o método etnográfico encontra sua especificidade em ser desenvolvido no âmbito da disciplina antropológica, sendo composto de técnicas e de procedimentos de coletas de dados associados a uma prática do trabalho de campo a partir de uma convivência mais ou menos prolongada do(a) pesquisador(a) junto ao grupo social a ser estudado. A prática da pesquisa de campo etnográfica responde, pois a uma demanda científica de produção de dados de conhecimento antropológico a partir de uma inter-relação entre o(a) pesquisador(a) e o(s) sujeito(s) pesquisados que interagem no contexto recorrendo primordialmente as técnicas de pesquisa da observação direta, de conversas informais e formais, as entrevistas não-diretivas, etc. Desde já esclarecemos ao (à) aluno(a) de graduação que o método etnográfico é um método específico da pesquisa antropológica. Outras ciências sociais recorrem não obstante a determinadas técnicas de pesquisas que são singulares ao método de pesquisa qualitativa. Mas neste caso trata-se de adotar alguns procedimentos técnicos próprios da pesquisa etnográfica como a observação e as entrevistas, vinculadas agora a outros campos teóricos de interpretação da realidade social que não a teoria antropológica. Já o método etnográfico é a base na qual se apóia o edifício da formação de um(a) antropólogo(a). A pesquisa etnográfica constituindo-se no exercício do olhar (ver) e do escutar (ouvir) impõe ao pesquisador ou a pesquisadora um deslocamento de sua própria cultura para se situar no interior do fenômeno por ele ou por ela observado através da sua participação efetiva nas formas de sociabilidade por meio das quais a realidade investigada se lhe apresenta.
O Núcleo de Antropologia Visual do PPGAS/UFRGS foi desenvolvido como um dos principais projetos do Laboratório de Antropologia Social criado pelo Programa em novembro de 1989. Desde então, o Laboratório oferece aos pesquisadores, professores e alunos, uma infra-estrutura para a pesquisa que lhes dá acesso às informações já existentes, através de um banco de dados informatizado, além de recursos técnicos para documentaçäo audiovisual. Entre outros, o Projeto de Antropologia Visual foi dinamizado como uma importante iniciativa para a divulgação do material etnográfico produzido por pesquisadores e para a discussäo do uso de técnicas audiovisuais na pesquisa antropológica. Através das pesquisas em andamento dos professores no PPGAS e financiamento solicitado para o desenvolvimento das mesmas, foram obtido recursos audiovisuais colocados a disposiçäo dos pesquisadores para documentar suas atividades. Paralelamente foi desenvolvido um programa de estímulo teórico e metodológico da Antropologia Visual na pesquisa. Topicamente este projeto tem por objetivo dar apoio técnico-metodológico as diversas linhas de pesquisa do Laboratório, dentro de um esquema de prioridades elaborado pela equipe do Núcleo e seus colaboradores. Igualmente, se destaca a promoção de debates sobre as técnicas e metodologias audiovisuais entre os alunos do PPGAS e graduação, esclarecendo questöes técnicas e teóricas, e por fim estimulando e orientando a utilizaçäo dos recursos disponíveis no Laboratório. Neste sentido, a sistemática de trabalho do Núcleo se compõe de dois campos prioritários de atuação, sendo o primeiro referente à preocupação de base didática, ou seja, a promoção de encontros mensais onde se discute teoricamente textos básicos da área, bem como administração de palestras e aulas junto as disciplinas de graduação e pós-graduação. O segundo consiste no planejamento e acompanhamento da utilização dos recursos audiovisuais nas atividades de pesquisa, onde a atuação da equipe se dá diretamente, indo a campo junto com os pesquisadores na coleta de dados, ou indiretamente, qualificando pessoas especificamente ligadas a estas linhas de pesquisa no manuseio básico dos equipamentos e orientando a captaçäo e a organizaçäo do material coletado. Um outro campo de atuação que se destaca é a preocupação em compor um arquivo com registros em vídeo de palestras, seminários, entrevistas com pesquisadores e professores visitantes e defesas de dissertações de mestrado e doutorado. Estas atividades ocorrem em convênio com o Projeto História da Antropologia no Rio Grande do Sul. Além destas atividades de apoio a pesquisa e ao ensino, o projeto tem por objetivo promover o intercâmbio com outras instituiçöes de ensino e pesquisa de informaçöes e trabalhos referentes a antropologia visual, o que resulta na organização de eventos de porte nacional e internacional.
O ato de etnografar na cidade é um processo de investigação antropológica que vem permitindo, de forma cada vez mais profícua, a construção de novas interpretações sobre as dinâmicas sociais no mundo contemporâneo a partir de contextos históricos singulares. Abordamos esse tema a partir da experiência de nossa pesquisa que vem sendo desenvolvida em Porto Alegre, desde o ano de 19972, com o apoio do CNPq e FAPERGS e que tem como ponto central a idéia da construção de etnografia da duração como modalidade compreensiva das feições da crise e do medo nos “tempos modernos”. Trata-se de um projeto integrado de pesquisa que tem por fundamento o estudo das representações simbólicas através das quais os habitantes nesta cidade constroem seu tempo social ao lhe conferir sentido segundo as lembranças selecionadas dos ritmos vividos em suas trajetórias sociais e de seus itinerários urbanos. Nossa pesquisa iniciou-se tendo como locus de reflexão o postulado da pluralidade de memórias coletivas que configuram as atuais formas de sociabilidade dos diferentes grupos que conformam o teatro da vida urbana porto-alegrense, tendo por interesse o estudo das formas diversas dos sujeitos sociais interpretarem e narrarem o seu viver na cidade e, em particular, apontando, na linha de alguns comentários de Norbert Elias, para o tema das autoimagens consubstanciadas no medo de indivíduos e sociedades. Perseguindo o questionamento em torno dos lugares onde se enraízam os medos individuais e coletivos na atualidade, tratava-se, assim, de se perscrutar, como sugere Jean Delumeau , do que os habitantes de uma grande cidade têm medo. Refletindo sobre as indagações de Gilberto Velho ao afirmar que face aos anúncios do aumento desmesurado da violência nas grandes cidades brasileiras e diante da insegurança quanto à ação de setores do próprio Estado, a questão da sobrevivência nas grandes cidades assumiria aspectos especialmente dramáticos para alguns segmentos sociais, passou-se, então, ao longo da pesquisa etnográfica no contexto urbano de Porto Alegre, a “especular que essas seriam variáveis importantes para compreender uma espécie de individualismo agonístico que tornou-se cada vez mais freqüente nas camadas médias brasileiras".
Pierre Sansot, um filósofo francês, intitulou de Variations Paysagères o estudo que faz sobre as experiências humanas com a paisagem enquanto um sistema de troca entre o mundo sensível e o mundo das significações (Sansot, 1983: 24). Seja no enraizamento a um lugar de pertencimento seja no deslocamento pela diversidade de lugares vividos, importa-nos como a experiência humana ofereceu-se aos sentidos, ao olhar, à escuta, ao cheiro, ao gosto. Nesses jogos perceptivos, são colocadas em destaque as formas sensíveis que movem os habitantes em suas lógicas de viver os espaços e tempos culturais. A paisagem é em Sansot essa experiência humana plural e descontínua onde os sujeitos em suas biografias relacionam imagens motivados pelo saber e pelo imaginário. A paisagem estará lá onde a vida pulsa na qualidade de estar no mundo social, na percepção daquele que a consente na imaginação. O que está em jogo é um reencontro após o deslocamento entre aquele que sente e o sensível, sem hesitar aqui fazer também referência à estética, sempre presente como um fato de cultura. Este princípio de visibilidade prolonga-se na palavra, que na sua ressonância narrativa dilata a percepção agora em uma paisagem narrada a qual faz vibrar as formas sensíveis. Tal deslocamento já estava presente na obra de Georg Simmel sobre o tema da paisagem. Esta nasce na nossa atividade criadora essencialmente humana, de se deixar evocar por um estado psíquico (stimmung) que articula percepção e afeição, que se separam e se reaproximam, se associam e se dissociam “como dois aspectos do mesmo ato” (Maldonado citando Simmel, 1996: 6 a 8). Como esclarece Simone Maldonado, “é esse sentimento da ordem da subjetividade e da afetividade que vai permitir que um determinado pedaço de natureza venha a se constituir em uma paisagem” (Maldonado, 1996: 8).
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