As festas nem sempre são objetos de estudo levados a sério, mas atraem há muito a atenção de cientistas sociais e outros investigadores. No entanto, a sua análise tende a restringir-se e fechar-se nalgumas conceções clássicas que, sendo relevantes e úteis, tornaram-se meros chavões e não fazem jus à riqueza e complexidade deste campo de estudo. Este artigo pretende fornecer alguns subsídios para a análise da festa, focando-se particularmente no carnaval e no modo como este tem sido tratado pelas Ciências Sociais. Começa por expor e discutir algumas recorrências teóricas – designadamente as teorias da inversão, da válvula de escape, da resistência e da communitas – para depois apresentar outras perspetivas de análise que olham para diferentes facetas da festa – cultural, social, económica e política – sugerindo assim abordagens mais aprofundadas e comprometidas com a realidade social e menos reféns da abstração e secura dos modelos teóricos.
A ilha de São Vicente elegeu o carnaval como um dos seus atrativos turísticos principais e tudo tem feito para o fomentar. Este artigo pretende explorar as facetas cultural e económica do carnaval de São Vicente e analisar estes dois aspetos distintos, mas interligados, dando conta da evolução da promoção turística do carnaval através das disputas e investimentos simbólicos e financeiros que esta festa tem suscitado. A reflexão e o material que aqui apresento derivam de pesquisa etnográfica e arquivística e procuram caracterizar o processo de instituição do carnaval enquanto produto turístico emblemático da ilha. Sugiro que o potencial turístico da festa carnavalesca tem sido equacionado ao longo do tempo precisamente na confluência e intersecção das retóricas culturalista e economicista associadas ao carnaval, revelando-o assim como recurso simultaneamente económico e cultural, tal como é entendido pelos atores locais.
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